Natal Divino


Natal divino ao rés-do-chão humano, 
Sem um anjo a cantar a cada ouvido. 

Encolhido
À lareira,
Ao que pergunto
Respondo
Com as achas que vou pondo
Na fogueira.

O mito apenas velado
Como um cadáver
Familiar...
E neve, neve, a caiar
De triste melancolia
Os caminhos onde um dia
Vi os Magos galopar...

Miguel Torga

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